segunda-feira, 7 de abril de 2014

Melhores redações de 2013 - Rafael Bertolotti de Freitas




Rafael Bertolotti de Freitas

A necessidade de uma moral laica

A ótica proposta por  Nietzche, acerca da hipocrisia e artificialidade encontradas em incontáveis crenças sobrenaturais, traz consigo a contestação da perspectiva religiosa na fundamentação de eventos sociais. Analisada, porém, a abrangente participação da religião no processo decisório de diversos desses eventos, depreende-se um severo distanciamento da sociedade contemporânea. Da filosofia existencialista. No âmbito da saúde, as campanhas para uso de preservativos, por exemplo, sofrem grande influência da “moralidade” religiosa, o que evidencia um descompasso entre a concepção de democracia pós-moderna e da laicização do processo decisório.
Entende-se a Igreja, em primeira instância, como o símbolo do tradicionalismo. Pautada e ideais seculares, tal instituição demarca, expressivamente, a predominância do pensamento medieval, do obscurantismo da ciência. Ainda que tendo presenciado a constante evolução social, política e econômica por que passou a humanidade, a religião se atém, em grande parte, às mesmas crenças difundidas com sua criação. Dessa forma, contestadora da concepção de uma sociedade, de fato, democrática, a grande maioria das instituições religiosas condena as relações sexuais desprovidas de laços conjugais, o que se faz incompatível com o princípio de liberdade defendido no mundo globalizado. Por conseqüência, a revogação d uso de preservativos pela Igreja está atrelada à revogação da própria liberdade individual, e o apego a esse ideal, ao descompasso com a ótica de Nietzche.
As campanhas para o uso de preservativos abrangem, outrossim, a questão da saúde. Visando, principalmente o controle da disseminação de DST’s, tais campanhas favorecem a concretização de um Estado efetivamente democrático. Esse quadro se solidifica com as medidas governamentais de concretização acerca dos riscos do chamado sexo “não seguro” bem como através da distribuição gratuita de preservativos à população. Não obstante, a “moralidade” religiosa se revela um claro obstáculo ao desenvolvimento dessas políticas, ao se portar contrária a diversas medidas de caráter social por considerá-las simples assédios aos seus princípios.

A religião, portanto, adepta ao tradicionalismo secular, abstém-se, em geral, de percepções de mundo enraizadas na concepção de liberdade democrática. As campanhas voltadas para o uso de preservativos compreendem o real ideal de igualdade de direitos, abordando a prioridade da saúde sobre uma suposta “moralidade” religiosa e a necessidade de uma ótica laica sobre a sociedade.

Um comentário:

  1. Parabéns,pela excepcional redação ! O Brasil é oficialmente um Estado LAICO, pois a Constituição Brasileira e outras legislações preveem a liberdade de crença religiosa aos cidadãos, além de proteção e respeito às manifestações religiosas.

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